sábado, 2 de fevereiro de 2008

AI QUE CALOR!!!

Ai que calor, com uns 30 e poucos graus na sombra, acho que vou derreter! Sou daquelas pessoas que só gosta de calor dentro d’água – pode ser um bom banho de mar, piscina, rio, lago, cachoeira ou até mesmo de chuveiro -, com um bom ventilador por perto, chapeuzinho e óculos escuros. Também não passo sem copos e mais copos de água bem fresca ou geladinha, que pode ser natural, com gás ou de coco, sucos e refrescos e, de vez em quando, um vinho branco e uma cerveja. Mas não dá pra viver só de liquido, bate a fome e o corpo pede, além das frutas, comidinhas leves e saudáveis.Quem tem uma varanda, ainda que seja bem pequena e de apartamento, um jardim ou um quintal com uma sombra gostosa - de uma árvore bem frondosa, de um caramanchão ou de um guarda-sol -, pode experimentar comer lá fora, com a sensação gostosa de liberdade e o romantismo que transformam o mais simples dos pratos em especial. Para facilitar, escolha um lugar não muito distante da cozinha e procure dar ares campestres ou praianos à mesa, com flores, toalha, louça e copos descontraídos. Eu sempre gostei da idéia, mas passei a achá-la ainda melhor depois dos tempos na França, onde qualquer pontinha de sol é motivo para arrastar a mesa pra fora. Para evitar que um vento forte levante a toalha e leve tudo pelos ares, providencie pesinhos para pendurar nas quatro pontas (existem modelos lindos de frutinhas, flores, pedrinhas e miçangas). Com uns franceses de um auberge champêtre, que serviam o jantar no meio de um jardim com muitas plantas, aprendi também a colocar um copinho de água na base de cada pé da mesa, para evitar visitas de formigas. O mais natural é imaginar um almoço lá fora, mas por que não um jantar, com o frescor da noite? É só arrumar velas e tochas com citronela para afastar os insetos.Por tudo isso, tentei escolher receitas que fossem saborosas, coloridas, rápidas, fáceis, descomplicadas mesmo, com todo aquele jeito de verão, já que junto com o calor sempre vêm umas dosezinhas de preguiça e de moleza. Quase todas as receitas são frias, e as que não são necessariamente frias podem ser servidas em temperatura ambiente. E como as receitas frias normalmente pedem que sejam preparadas com algumas antecedência, isso ainda acaba ajudando, tanto nos dias mais corridos, como nos momentos de descanso, quando uma rede e um bom livro podem ser mais interessantes que o fogão.Pensando nos aperitivos e num lanche, resolvi dar a receita de duas pastas. Primeiro, eu queria chegar numa receita que lembrasse as taramas gregas, mas usando ovas de salmão, que são as mais fáceis de se encontrar por aqui, então fiz e refiz até sair a Pasta de ovas de salmão, cottage e cebolinha, que vai muito bem com torradinhas, pão sueco ou pão sirio. Depois, como eu queria alguma coisa que ficasse com um gostinho mais azedinho e refrescante, fui atrás de uma receita com ares mais arabescos e encontrei uma Pasta de damasco, coalhada seca e hortelã, que ficou demais.Como saladas e calor têm tudo a ver e, um prato substancioso de salada pode tranquilamente ser a refeição de um dia bem quente, acabei escolhendo 3 de uma vez: primeiro vem a Salada tailandesa de berinjela, bem gostosa, perfumada e usando a berinjela, que entra em muitos pratos tailandeses; a rapidíssima Salada de couscous marroquino com tomatinhos e ervas frescas, que eu adoro e sempre agrada; e a Salada de vieira, laranja e folhas, gostosa e chique, já que vieiras são mesmo especiais. Ainda nesse clima das saladas, escolhi o Creme gelado de abacate com saladinha de tomate, aveludado, com um verde lindo e gostoso mesmo; e a Sopa fria de melão e crisps de presunto cru, refrescante e com um toque sofisticado. Para comer com uma saladinha ou simplesmente com um pão de casca bem crocante, escolhi 2 receitas bem interessantes: a Sardinha fresca marinada com ervas, que pode ser preparada com até uns 2 dias de antecedência e ficou mesmo apetitosa (muita gente só lembra da sardinha dentro de uma lata, nem pensa nela fresca, em filezinhos frescos, que bem limpos e sem espinhas ficam macios e muito gostosos, vale a pena experimentar); e o Leque de berinjela fica lindo e delicioso no prato, uma berinjela vai fatiada na horizontal, recheada com rodelas de tomate, azeitona, ervas frescas, azeite e queijo, que vai bem quente, em temperatura ambiente ou fria (se quiser servir a berinjela fria, ou em temperatura ambiente, use um queijo cremoso como recheio, mas se preferir servir tudo quentinho, dá para usar uma mussarela comum ou de búfala, um provolone ou mesmo um camembert, que ficam derretendo na hora, mas quando viram borrachinhas quando esfriam).Quando pensei nas refeições bem leves de verão, na hora vieram à cabeça os tartares, carpaccios e que tais, que não passam pelo fogo. Como não estava com vontade de ficar nas receitas “de sempre”, decidi experimentar alguns molhinhos e temperos com ares mais orientais, ou escolhi um acompanhamento não tão usual, e daí surgiram: o Tartare thai, que ficou muito bom e fresquíssimo, com fatias finíssimas de robalo, manga e amendoim temperados com erva-cidreira, limão, manjericão, cebolinha, hortelã, coentro, gengibre, alho, pimenta dedo-de-moça; o Tartare indiano, que ficou bem saboroso, mesclando o curry, as especiarias, o peixe e a banana; o Carpaccio bem jap, com fatias bem finas de carne bovina regadas com um molhinho bem japonês, com shoyu, óleo de gergelim, gengibre, cebolinha, pepino e gergelim torrado (como, em casa, é realmente difícil conseguir cortar a carne em fatias finíssimas, o mais simples é comprar carpaccio congelado); e o Salmão gravadlax com sorbet de pepino, um salmão preparado de um jeito bem tradicional, mas acompanhado por um sorbet mais moderno e delicioso.Depois vem o Rosbife com sauce vièrge e aïoli provençal, uma carne preparada em pouquíssimo tempo, dourada por fora e bem rosada por dentro, com dois molhinhos clássicos franceses de verão, o primeiro com tomate, azeitona e azeite, e o segundo, bem cremoso, feito de azeite, gema e alho (quem adora alho e não se importa com o sabor mais agressivo pode usar alho cru e azeite extravirgem, mas, se o intuito for surpreender e agradar a quem nunca pensou em gostar de alguma coisa de alho, prepare um aïoli mais suave com alho assado e azeite virgem).Como muita gente gosta de tortas, resolvi escolher algumas receitas que tivessem esse tom de crocante da massa e macio do recheio e pudessem servir de entrada, prato principal ou acompanhamento, dependendo do tamanho da porção. A primeira delas é a Tortinha de ratatouille, deliciosa e lindinha: são discos bem fininhos, crocantes e dourados de massa cobertos com uma boa colherada de uma versão simplificda de uma ratatouille, um refogadinho provençal saborosíssimo de berinjela, abobrinha, erva-doce, cebola, pimentão, alho, azeite e ervas (os discos também podem virar biscoitinhos e a ratatouille pode servir de molho para uma massa, ou acompanhar um bom pedaço de pão, um grelhado ou folhas verdes). Um dia, fiz um bacalhau no forno com azeite e ervas, mas como eu sou meio exagerada, sobrou um bom tanto, então dei uma bela refogada naquelas lascas gordinhas e ligeiramente salgadinhas com tomate, azeitona, salsinha, tomilho, manjericão, uva-passa, pistache, pinoli, alho, cebola e azeite e saiu a Torta mediterrânea de bacalhau, mas que aqui começa com lascas cruas do peixe, e pode chegar à mesa quentinha, ou em temperatura ambiente. A terceira é o Cheesecake de ervas, que ficou muito gostoso, é muito fácil de fazer e rapidíssimo, já que a base de biscoito integral salgado esfarelado e manteiga só precisa de uns 10 minutos de forno, e o creme de queijo nem assado é, já que optei por usar agar-agar para firmar (uma horinha de geladeira para firmar e gelar e pronto). Agar-agar é o nome ocidental de uma gelatina vegetal que vem de uma alga vermelha japonesa, que fica clarinha depois de tratada e pode ser encontrada em pedaços ou em pó. No Japão, onde é conhecida por kanten, ela faz sucesso há uns 400 anos, pois tem quase zero caloria, é leve, rica em minerais ajuda na digestão, purifica o corpo e é perfeita para quem está fazendo dieta. Na verdade, ela não tem gosto de nada, mas quando misturada e dissolvida num liquido ela fica viscosa, incha e firma mais que a gelatina comum e em pouquíssimo tempo. Mas agar-agar não serve só para firmar como gelatina, ela pode ajudar a dar uma engrossadinha ou uma encorpada num creme ou numa sopa, fazer uma espuma ou simplesmente deixar a refeição mais nutritiva (tem gente que simplesmente polvilha o que houver no prato com agar-agar em pó). Mais uma coisa: se quiser desenformar a gelatina com facilidade, molhe a fôrma com água antes de despejar o líquido já preparado dentro delaA última receita salgada é a do Hamburguer de atum, perfeito para uma refeição rápida: um sanduíche que leva um pão bem macio de batata, um hambúrguer bem saboroso, alface e pepino (como a receita rende uns 12 pães grandes, use os que sobrarem num lanche ou no café-da-manhã).Para a hora da sobremesa, escolhi 3 receitas geladinhas e refrescantes: o Gelado de laranja, que é suave e tem uma consistência leve, que parece uma espuma; o Sorbet super melancia, inspirado numa receita que vi há uns 20 anos numa revista francesa, e sempre surpreende; e os irresistíveis Cubinhos refrescantes de coco, preparados com agar-agar, alguns com água de coco e outros com leite de coco, que lembram uma sobremesa que comi numa ilha paradisíaca no sul da Tailândia. Para terminar, mas para servir tanto no café-da-manhã, como no lanche da tarde, vem um Bolo leve de limão, que deixa todo mundo feliz e é super prático, pois a massa é batida num piscar de olhos no liquidificador e assa bem rapidinho

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